Brasil engorda o número de finais e recebe o carinho da torcida
Jogos Olímpicos Rio 2016

Rio de Janeiro/RJ — O segundo dia de natação nos Jogos Olímpicos Rio 2016 deu ao Brasil duas finais que não levaram ao pódio, mas que a torcida acolheu como se fosse ouro: João Gomes Junior e Felipe França Silva, nos 100m peito, e o quarteto de 4x100m livre formado por Marcelo Chierighini, Nicolas Nilo, Gabriel Santos e João de Lucca. A Natação brasileira até o momento conta com três finais, três semifinais e um recorde sul-americano.
Embalados pelos gritos de uma torcida inédita para a natação brasileira, João e Felipe colocaram outra vez o Brasil no mapa e na decisão dos 100m peito. Estes dois nadadores acirraram a disputa no país e entraram na elite mundial ao longo de todo o ciclo olímpico. Com seu quinto lugar (59s31), João conseguiu o segundo melhor resultado da história olímpica do país na prova. Antes dele apenas José Silvio Fiolo havia conquistado a quarta colocação, nos Jogos da Cidade do México, em 1968, e um sexto lugar em Munique 1972.
Felipe França foi o sétimo
colocado (59s38) na disputa que teve o britânico Adam Peaty na ponta desde as eliminatórias
e com dois recordes mundiais. Na decisão, Peaty fez 57s13. Ele foi seguido pelo
sul-africano Cameron Van
der Burgh (58s69) e pelo americano Cody Miller (58s87).
— Só tenho a agradecer a Deus, a minha família, a todos os meus patrocinadores, a todo mundo que me ajudou a chegar nesse lugar tão maravilhoso, com esse povo tão cheio de calor. Não saio com uma medalha, mas saio com um quinto lugar. É pra poucos. Só aumenta mais a vontade e a força de treinar. Hoje eu estou bem mais tranquilo. É muito gratificante. Só Deus sabe o que eu passei pra chegar aqui. Saio dessa piscina com a sensação do dever cumprido. Eu lutei até o final. Em nenhum momento eu deixei de pensar nessa medalha. Saí com a faca nos dentes. É minha primeira Olimpíada com o quinto tempo. É pra poucos. Vamos aí até 2020, até onde Deus deixar — disse João.
Os dois retornam à piscina no final da competição, na prova de 4x100m medley, que terá as eliminatórias na próxima sexta e as finais, no sábado. Um nadará as eliminatórias e o outro a decisão. A comissão técnica confirmará quem virá e em qual momento da disputa. Felipe França contou que vive um momento completamente diferente do vivido em Londres, há quatro anos.
Felipe França Silva - Foto: Satiro Sodré / SSPress / CBDA
— Estou satisfeito com o desempenho que tive nas Olimpíadas do Rio, totalmente diferente do que aconteceu em Londres. Satisfeito com meu crescimento, com meu amadurecimento. Medalha é consequência, é difícil conquistá-la, pois não só eu estou forte, os adversários também estão. Vence quem tem a melhor estratégia e executou a melhor performance, mas creio que ainda tenho uma gordurinha pra tirar, não só física como mental e de treinos. Satisfação de dever cumprido, pois é uma final olímpica e muito difícil. Agora é pensar no reveza medley, em que eu e João nadaremos. Como fiz o melhor tempo somando eliminatórias, semifinais e finais, acredito que fique pra final e o João para as eliminatórias, mas ainda será decidido. No mais, penso no Finkel, em setembro, seletiva para o Mundial de curta, em dezembro, onde pretendo buscar o tricampeonato mundial dos 50m peito e o bicampeonato dos 100m peito, o que não é para muitos – completou França, que também pensa no Mundial de longa de 2017, mas depois quer parar para ser pai. Depois saberá se ainda pode sonhar com os Jogos de Tóquio 2020.
Uma torcida de futebol — A equipe de revezamento 4x100m livre entrou aplaudida e empurrada como se fossem bater pênaltis. Marcelo Chierighini (48s12), Nicolas Nilo (48s26), Gabriel Santos (48s72) e João de Lucca (48s11) no 4x100m livre, prova vencida pelos Estados Unidos (3m09s92) e que deu a 23ª medalha olímpica para o americano Michael Phelps, sendo que a 19ª de ouro. A França ficou com a prata (3m10s53) e a Austrália levou o bronze (3m11s37).
Revezamento do Brasil - Foto: Satiro Sodré / SSPress / CBDA
— Foi bom, consegui fazer um bom tempo e também estou muito satisfeito com os meus companheiros. Na eliminatória eu não consegui nadar bem, nesse ambiente novo. Nunca tinha nadado com uma torcida como essa, que parece de futebol, mas agora na final eu consegui usar a torcida como fator positivo. Ao invés de ficar preocupado com o barulho eu absorvi essa gritaria pra me ajudar a nadar rápido. Todo mundo nadou com raça. Realmente estou muito orgulhoso desse time. Todos estão de parabéns, deram o máximo e não tem do que reclamar. Se os outros nadaram melhor, parabéns para eles. Cada vez estou mais confortável nadando os 100m livre, gostei muito do meu comportamento antes da prova. Essa prova me deu uma confiança muito grande, depois de 48s12. Agora tenho um dia pra descansar e terça feira começar a maratona dos 100m livre — falou Marcelo.
Nicolas Nilo ainda nada mais duas provas certas, 100m livre e 4x200m livre, e talvez o 4x100m medley, mas já está mirando o legado que deixará para nova geração.
— Dentro de casa é uma sensação única, boa. Sabia que sairíamos de cabeça erguida, pois não sobrou nada, mal consigo andar. Só tenho a agradecer a torcida e a vocês que nos acompanharam em todo este processo. E pra mim, sendo minha última Olimpíada, passar o bastão para esta molecada mais nova deixando um legado de força de vontade, orgulho e garra de representar este revezamento é uma honra muito bacana que quero deixar pra natação — declarou.
João de Lucca nadou bem a final do revezamento e diz que sai com sentimento de ter feito um bom trabalho.
— Saio daqui com o sentimento de dever cumprido. Todo nadador pensa em buscar a melhor marca pessoal e deixei tudo na piscina, creio que foi minha melhor performance. Saio daqui contente, era um sonho disputar os Jogos, ainda falta a medalha e este sonho continua. Hoje saio da piscina uma pessoa melhor, independente do resultado.
Gabriel Santos, o novo rosto do time, contou da experiência de estreia nos Jogos Olímpicos em casa.
- Pra mim, foi uma experiência surreal. Minha primeira seleção, consegui pegar o revezamento, disputei uma final olímpica, ao lado de ídolos. Estar ao lado deles foi uma sensação indescritível. Mas não podemos deixar isto te levar, temos que ir pra cima deles pois são adversários também. O respeito é até começar a prova. Já penso na próxima Olimpíada. É absorver toda esta experiência e que na próxima, daqui a quatro anos, esteja disputando provas e tentando trazer uma medalha para o Brasil. E agora penso no Finkel pois é seletiva para o Mundial de Curta, que seria outra experiência inédita.
Guilherme Guido analisou tecnicamente o seu nado, especialmente na passagem dos 50m para o final da prova.
Guilherme Guido - Fotos: Satiro Sodré / SSPress / CBDA
- Pela manhã a minha passagem foi bem lenta, 26s2. Fui o único nadar na casa dos 26 segundos que passou e chegou na semifinal. Analisando isso com o meu técnico e o biomecânico, a gente viu que tinha que passar com 25 (segundos). Eu passei pra 25,5, mas acabei pagando a conta no final da prova. Acho que meu nado não está tão encaixado como estava tecnicamente nas temporadas pra trás. Então é ver com o meu técnico qual parte da braçada que está escapando, que estou sentido e daqui a quatro, cinco dias voltar para o revezamento.
A natação brasileira conta com recursos dos Correios - Patrocinador Oficial dos Desportos Aquáticos Brasileiros -, e ainda do Bradesco/Lei de Incentivo Fiscal, Lei Agnelo/Piva - Governo Federal - Ministério do Esporte, COB, Speedo e Estácio.
Finais e semifinais — 7.08
100m peito — João Gomes Júnior — 59s31 — 5º
100m peito — Felipe França Silva — 59s38 — 7º
100m costas — Guilherme Guido — 54s16 — 14º
4x100m livre — Marcelo Chierighini, Nicolas Nilo, Gabriel Santos, João de Lucca — 3m13s21 — 5º
História do 4x100m livre masculino do Brasil nas Olimpíadas
Munique 1972 — 4º — Ruy Aquino Oliveira, Paulo Znetti, Paulo Becskehazy, José Dias Aranha
Barcelona 1992 — 6º — José Carlos Souza Jr, Gustavo Borges, Emmanuel Nascimento, Christiano Michelena
Atlanta 1996 — 4º — Fernando Scherer, Alexandre Massura, André Cordeiro, Gustavo Borges
Sidney 2000 — 3º — Fernando Scherer, Gustavo Borges, Carlos Jayme, Edvaldo Valério Silva Filho
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